Julgamentos


A doença do julgar


Possuímos muitos vícios intrínsecos a nossa condição humana que não percebemos, não reparamos ou que muitas vezes somos inconscientes para eles. Me refiro especialmente a nossa capacidade doentia-condicionada de julgar a tudo e a todos. Doentia porque talvez não percebemos o quanto esta tendência é prejudicial e nos faz mal. Quando julgamos algo, uma situação ou uma pessoa em específico, por exemplo, estamos usando uma parte da nossa mente, e com isso uma parte de nossa energia para fazer comparações e de certa forma avaliações com critérios baseados em nossos padrões do que é certo ou errado, do que é bom ou mal, do que é melhor ou pior, etc, e no entanto sem perceber, o julgador faz esse juízo de forma inconsciente. Inconsciente, pois se estivesse atento, alerta aos seus pensamentos e no aqui e agora ele não permitiria tal fato, ou melhor, não existiria a possibilidade de haver julgamentos em sua mente. Sempre que julgamos fazemos uso do nosso ego, nosso falso centro, nosso falso eu.
Quando julgamos estamos procedendo como um doente mental, por que doente mental? Por que, como me referia acima, quando fazemos um julgamento usamos parte de nossa energia para esse comportamento e outra parte continua sua atividades mentais “normais”. estamos dividindo nossa mente em duas partes: uma julgando (e qual a necessidade de julgar?) e recebendo energia para isso, e a outra parte da mente em suas atividades normais, porém muita vezes inconscientes também, então dessa forma estamos esquizofrênicos quando julgamos. Esquizo quer dizer cindido, partido, dividido, ou seja uma mente cindida, dividida – não funciona inteiramente, mas em parte.
            Embora quando julgamos colocamos foco numa situação ou pessoa, o que estamos fazendo paralelamente e sem noção alguma é conservar e inclusive fortalecer nosso próprio ego. E sempre que estamos fazendo um julgamento é o ego que está em ação neste momento. Sempre que julgamos o ego está comparando, avaliando, medindo...e sempre ele está sutilmente dizendo ao julgador inconsciente: “eu sou melhor que ele(a)”; “eu estou numa situação pior do que ele(a)”; “não gosto disso ou disto, sei fazer melhor; sou melhor/pior que”; “sou mais bonito(a), mais feio(a), mais gordo(a) ou mais magro(a)...”
            Muitos dos julgamentos é uma questão de não aceitar a realidade com é, como uma espécie de fuga, e é um vício, pois a humanidade em geral aprendeu isso desde a tenra infância; quando por exemplo, os adultos se dirigem a uma criança avaliando seu comportamento, seu ser, ou situações que ela produz. Depois ela aprende a técnica e vai se especializando na matéria e aí julgar se naturaliza, ela não percebe mais como algo estranho ao seu ser.
            Julgar é no fim das contas, desperdício de energia e de tempo. Todo julgamento é infrutífero, é desnecessário, consome energia que poderia ser usada para algo mais elevado e evoluido para quem julga e para todos os seres. Julgar nos desloca do real e nos põe num mundo imaginário e muitas vezes negativo. Todo julgamento é infundado, pois quem julga não está no aqui e agora, faz um juízo sobre algo que na realidade desconhece, que de fato não existe como ele vê, mas como imagina, acredita e percebe – totalmente distorcido. Só podemos conhecer o real em si quando estamos sem pensamentos, sem julgamentos, com a mente vazia e vivendo no aqui e agora com o coração aberto.

Felicidade para todo nós,

Jonas Felipe Machado
Psicólogo e artista plástico

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